As hérnias discais são muito comuns na população portuguesa, podendo ocorrer devido a esforços, fatores genéticos, trabalhos pesados, sobrepeso, falta de exercício ou mesmo até com o próprio envelhecimento da coluna. Felizmente, com o acompanhamento médico adequado, a maioria dos casos pode ser resolvida por um especialista em coluna, com mudança de hábitos, medicação e fisioterapia. Entretanto, nalguns casos, pode ser necessário um tratamento mais específico, ou até mesmo cirurgia. Antes de mais, é importante entender o que se passa quando o seu médico diz que a sua coluna tem uma hérnia, e quais os riscos envolvidos.
A coluna é a parte do esqueleto que comunica a cabeça com a bacia, dando sustentação para que fiquemos em pé. Há um tubo no seu interior por onde passam a medula e os nervos que levam informação do cérebro para todo o corpo. A coluna é composta por um conjunto de pequenos blocos empilhados – as vértebras – intercalados com amortecedores em forma de disco, como almofadas – os discos intervertebrais. Estes discos têm um interior mais macio e mole, e um anel exterior mais resistente que o contém.
Quando um disco enfraquece, desidrata ou é submetido a grande pressão ou esforço, o miolo mais macio pode romper ou empurrar o anel externo para fora, causando uma herniação – a famosa hérnia de disco. Isto origina a dor, e se esta hérnia tocar um nervo, causa a ciática e pode até prejudicar o funcionamento deste nervo. Para evitar a realização de uma cirurgia, muitas técnicas foram tentadas, como infiltrações epidurais, nucleólises ou ozonoterapia.
Embora não invasivas, estas têm taxas de sucesso, ou seja, probabilidade de funcionar, menores que o desejado, na ordem de 30 a 50% segundo alguns estudos. Recentemente, surgiu uma alternativa com taxas de sucesso mais promissoras, que podem chegar aos 80% segundo estudos mais recentes: trata-se do laser eutérmico, que é aquele que mantém a temperatura do disco, sendo assim mais seguro.
O procedimento chama-se Nucleoplastia Percutânea por Laser Eutérmico (PDCT em inglês) sendo uma técnica minimamente invasiva para tratamento de hérnias dos discos, na região cervical e lombar. Consiste na aplicação de uma fonte de laser de baixa temperatura através de uma fibra ótica introduzida por dentro de uma agulha, numa localização muito precisa do disco herniado, sob controlo de raio-x, sem lesão das estruturas perivertebrais e nervosas adjacentes.
O objetivo é reduzir a pressão intradiscal, obrigando a porção herniada do disco a retornar à sua posição inicial, com consequente alívio da tensão sobre os nervos e, consequentemente da dor. Também permite a regeneração do anel fibroso, reduzindo a possibilidade de recidiva, até agora não possível por nenhuma outra técnica minimamente invasiva, inclusive a cirurgia convencional. É feito sob uma sedação leve, sem dor, numa sala especial de procedimentos, por uma equipa especializada, em regime ambulatorial. Resultados positivos podem ser observados em um dia, e o retorno ao trabalho é praticamente imediato.
© Redigido por Dr. Rodrigo Gorayeb (OM42763), neurocirurgião no Trofa Saúde Hospital na Amadora e em Loures para o Jornal Correio da Manhã.